Paixão de Futebol

Feriado, 15 de novembro, é também data de aniversário do Flamengo.

Lembrei da primeira vez em que fui a um jogo no Maracanã, e de como fui conquistado pela nação rubro-negra.

Lembro que era menino, havia chegado ao Rio alguns anos antes.

Meus primos, por parte de mãe, eram mais velhos e exemplo para mim.

Todos paulistas eram torcedores do Santos, o time de Pelé, o grande time do Brasil então.

Era estranho mas minha referência era esta, morando no Rio e simpatizando com o Santos pelo rádio.

O detalhe é que nunca havia visto um jogo do Santos ao vivo.

Minha irmã Jussara começou então a namorar Luís, um estudante de medicina.

Ele não se conformava em ao me perguntar sobre time de futebol e responder que era santista.

Começou então a me dizer que me levaria ao Maracanã em dia de jogo do Flamengo e que eu mudaria de opinião.

Pois este dia chegou e para o Maracanã fomos.

O jogo foi Flamengo e Vasco pelo campeonato carioca de 1968.

O Maracanã abarrotado de gente, mais de 150 mil pessoas, era uma festa só para o menino que a tudo olhava em volta.

Um mar de gente dos dois lados, bandeiras, cantos, tudo era muito bonito.

Não lembro do jogo preliminar mas, no principal, lembro de sentir uma tensão no ar e de como podia ouvir o som de milhares de rádios que os torcedores levavam.

Penso que como era importante a opinião do comentarista de arbitragem na época.

Não havia o conjunto de câmeras em campo como hoje e, mesmo assim, a opinião do Mário Vianna, com dois enes, era repetida como se verdade absoluta fosse.

Gol do Vasco, um balde de água fria caiu na torcida.

Estava torcendo timidamente, em apoio ao Luís, e senti o baque.

Alguns minutos depois acontece o inverso.

Como se fosse uma só voz começa a torcida do Flamengo a cantar e a empurrar o time.

Estou cantando, vibrando, o time parece correr mais, a acertar mais.

Gol do Flamengo, Adãozinho marcou,um urro de felicidade com enorme sensação de prazer acontece.

A arquibancada do Maracanã treme, balança, as pessoas estão em pé, vibrando.

Fico na ponta dos pés para ver o que acontece em campo .

É uma loucura coletiva, sinto que uma enorme energia está ali.

A bola é cruzada e Dionísio, o bode atômico, centroavante do Flamengo acerta a cabeçada em direção ao gol.

Andrada, goleiro do Vasco, ainda salta mas a bola bate na rede com força.

Um urro de prazer ainda maior acontece.

Perco-me em uma confusão de saltos, abraços .

Luís berrava e me abraçava , você é pé quente, você é pé quente .

Isto eu não sei até hoje, sei que naquele dia vivi o que seria o início de uma paixão.

Não foi o time, foi a torcida do Flamengo que me conquistou.

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